A mente brilhante de Mark Waid traz-nos um mundo fascinante, em que Plutonian, o maior super-herói do Mundo, se converte num vilão. À primeira vista, este conceito está longe de ser inovador, no entanto a narrativa assenta em decisões que fracturam por completo a moral e as convicções das diversas personagens.
Torna-se francamente complexo falar deste livro sem partilhar spoilers, mas vou dar o meu melhor nos parágrafos que se seguem. Os poderes de Dan Anderson (Plutonian) são semelhantes ao Super-Homem, mas sem aparente ponto fraco, o que o converte num ser invencível, criado pela raça dos Eleos. Ao longo dos capítulos iniciais vamos conhecer a sua infância, que implicou a passagem por inúmeras casas adoptivas, sendo finalmente aceite por Bill Hartigan, um humano que o treinou para se converter num super-herói.
Vamos igualmente tomar conhecimento da sua ligação a The Paradigm, uma equipa muito à semelhança dos Avengers ou Justice League. Como não podia deixar de ser, existe igualmente um nemesis, de nome Modeus, que tem uma relação única com Plutonian, convertendo-se numa personagem extraordinariamente relevante para o desfecho desta saga.
Mark Waid mostra-nos apenas o resultado da destruição da Terra, que é contaminada pela radiação emitida pelo ex-super-herói, focando a narrativa na impiedade e crueldade dos eventos que levam à sua mudança radical de comportamento. Os membros sobreviventes deThe Paradigm vão lutar pela sobrevivência do planeta, sem grande sucesso, até ao momento em que Bette Noir revela um pormenor relevante e que pode alterar o rumo dos eventos.
Diria que a personagem mais relevante da primeira metade deste livro é Charybdis, que após perder o seu irmão, com o qual dividia os poderes, se converte num adversário à altura de Plutonium. Considero extremamente curioso a forma como lentamente se deixa corromper por valores negativos, com o objetivo de se converter no salvador da Humanidade.
Há muito para absorver ao longo dos 37 capítulos, que expõem os defeitos e demónios internos da maior parte dos super-heróis. Qubit, que é essencialmente um génio capaz de dominar qualquer peça de tecnologia, irá converter-se numa personagem decisiva para o desfecho de Irredeemable. À semelhança de Charybdis, torna-se no grande destaque da segunda metade, pela sua constante lógica de oferecer uma segunda oportunidade a Plutonian, por motivos que serão revelados nas páginas finais de Irredeemable.
Caso tenham a oportunidade, este é sem dúvida um livro a não perder. A qualidade narrativa é complementada pela arte de Peter Krause e mais tarde, Diego Barretto. Se pretenderem, recomendo igualmente Incorruptible, que se centra na personagem de Max Damage, que tenta ocupar o lugar de maior super-herói do Planeta Terra. E para quem conhece o desfecho, é fácil compreender que deixei de forma propositada muita informação omissa, no sentido de evitar spoilers que possa afectar a experiência final. Mas fica o convite para debatermos com spoilers este tema, na caixa de comentários.

Hugo Cardoso

Últimos artigos de Hugo Cardoso (Ver todos)
- Thunderbolts - 2025-10-10
- Thursday Murder Club - 2025-10-05
- Shangri La Frontier T.1 - 2025-09-30