A visão de Todd Phillips para Joker passou completamente ao lado das minhas previsões para 2019. Não costumo ser levado pelo hype mediático mas após ter visto o trailer fiquei nitidamente com a sensação que a DC poderia efetivamente ter um (inesperado) ás na manga.
Agora que tive oportunidade de ver o filme e assentar algumas ideias, eis o que me parece relevante mencionar. A narrativa acompanha Arthur Fleck, um ser humano perseguido por uma infância complicada e que tenta perceber o seu lugar no Mundo, ao mesmo tempo que lida como uma condição médica invulgar.
Existem inúmeras metáforas e críticas à sociedade em que vivemos. A solidão, o bullying e a intolerância são uma constante ao longo deste filme, que nos ilustra na perfeição o quão desesperante pode ser a indiferença. Como habitualmente, não vou entrar em spoilers mas recomendo vivamente Joker. Está muito longe de se enquadrar no género de super-heróis, apesar de ter como pano de fundo a cidade de Gotham e a família Wayne.
Diria que é uma viagem pela mente perturbada de um ser humano que começa por pedir ajuda e acaba por ser esmagado por um sistema que vive de padrões pré-concebidos sobre as regras da sociedade. É uma experiência brutal, em certos momentos, mas que nos faz reflectir e repensar o caminho que optámos por seguir, enquanto espécie.
E que dizer da brutal interpretação de Joaquin Phoenix? É prematuro falar em Óscares mas estamos perante algo muito especial.
Para terminar, apenas destacar dois pontos: a excepcional recepção deste projeto por parte do público, convertendo-o, à data, no segundo mais lucrativo da DC, superado apenas por Aquaman. Sobre a eventual sequela, espero sinceramente que não se confirme, dado que este filme tem um acto final que define na perfeição o final da viagem de Arthur Fleck, com a sua transformação em Joker.

Hugo Cardoso

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