Sou um enorme fã dos dois filmes iniciais da saga Predador, que, na minha opinião, representam o apogeu da franquia. Todos os restantes projetos e spinoffs (AVP) começaam com ideias e conceitos interessantes mas falham redondamente na sua execução. Por esse motivo, estava moderadamente optimista para esta abordagem, que nos transporta para 1719, para uma zona de floresta habitada por uma tribo de Comanches.
Há cerca de doze anos que acompanho a carreira de Dan Trachtenberg, mais especificamente através do podcast TRS, que se converteu numa referência pessoal. O seu trabalho em 10 Cloverfield Lane foi notável, o que me fez acreditar numa mudança de rumo positiva para o universo Predador.
A narrativa é envolvente, sustentada pela presença de Naru, uma jovem índia que treina para ser curandeira, embora aspire a converter-se numa caçadora. Para a auxiliar na sua demanda, conta com Sarii, o seu fiel cão, que tem um apurado sentido para a caça. Apesar dos rumores que esta seria a história de origem do Predador, a realidade é que Prey aborda apenas a primeira viagem do Feral Predator ao Planeta Terra.
Tudo tem início com a chegada de um Thunderbird (nave) ás montanhas, dando início à “caçada” deste Predador, que é claramente menos evoluído tecnologicamente e com uma dependência elevada no seu instinto animal. Ao longo do filme, vamos obviamente tomando conhecimento do seu avanço tecnológico face aos nativos, mas a sua armadura é extremamente arcaica, tornando-se bem mais vulnerável do que nos filmes anteriores.
É precisamente este enquadramento que converte Prey numa experiência agradável, em que acompanhamos uma batalha desnivelada mas em que os instintos de sobrevivência sáo fundamentais para o desfecho final. Como habitualmente, vou enviar os spoilers mas posso facilmente adiantar que este, é para mim, o melhor filme da franquia nos últimos 30 anos.
Naru é uma protagonista com a qual sentimos empatia, dado que se vê numa situação impossível, em que tenta derrotar um inimigo superior, com a ajuda do seu irmão Taabe e Sarii. A sua astúcia é no entanto fenomenal, sendo bastante criativa a forma como vai “mascarar” a sua temperatura corporal e enfrentar a criatura no terceiro acto desta aventura.
Prey termina com uma curta homenagem ao segundo filme, introduzindo a pistola de pederneira que é entregue ao Tenente Mike Harrigan pelos Predadores.
O enredo está muito bem conseguido e enquadra-se de forma quase perfeita no universo de Predador. Espero sinceramente que não tenhamos uma sequela mas que seja este o caminho a seguir para a franquia, com histórias isoladas, que narrem a visita destas criaturas ao nosso planeta.

Hugo Cardoso

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