A minha introdução à banda desenhada começou na minha adolescência, mais especificamente nas bancas do passadiço da Costa da Caparica, onde comprava livros usados de Spider-Man, X-Men e Avengers. Com o avançar dos anos regressou algum saudosismo, que, em conjunto com a minha faceta de colecionador criou as condições necessárias para adquirir omnibus, que são essencialmente edições de coleccionador que compilam dezenas de capítulos de BD.
Hoje vou falar-vos do primeiro volume de Spider-Man, de 1962, que foi criado pelo fantástico trio de Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko. Estamos perante 1088 páginas, que abrangem os primeiros 38 capítulos e algumas histórias complementares. A arte é excelente, como seria de esperar mas fica desde já o alerta para a densidade de texto, que pode afastar os leitores que estão mais habituados a livros modernos.
Dito isto, é uma experiência interessante, sobretudo para quem é fã de Peter Parker. Contem com a dificuldade de conciliar a vida pessoal com a de super-herói, o que afecta irreversivelmente a sua relação com Betty Bryant. Para além disso, há um foco inicial na rivalidade com Flash Thompson e a saúde debilitada de Aunt May.
Como seria expectável, este omnibus compila inúmeras primeiras aparições de vilões, com destaque para The Vulture, Tinkerer, Doc Octopus, Sandman, Lizard, The Living Brain, Green Goblin, Scorpion, Kraven e os Sinister Six. Acompanhamos igualmente a transição de Peter para a Universidade, que serve de ponte para a introdução de Gwen Stacy na narrativa.
Outro ponto interessante é o facto de Mary Jane Watson ter a sua primeira aparição neste omnibus, embora nunca seja visível a sua face. A parte mais cómica é a sucessão de eventos, que impossibilita Peter de conhecer aquela que será a personagem mais marcante da sua vida amorosa. Para terminar, quero destacar a presença de JJ Jameson, outra referência incontornável desta série e que consegue estabelecer uma relação de amor-ódio com o leitor.
Em conclusão, diria que esta é uma coleção direcionada aos fãs da origem de Spider- Man. Conforme mencionei, há muito diálogo, em que obtemos a informação detalhada dos planos dos vilões, ao bom estilo dos anos 60 e 70. Pessoalmente, gostei da experiência, embora tenha noção que os primeiros capítulos são lentos e repetitivos. Mas convido-vos a experimenter a leitura em formato digital e formar a vossa opinião. Garanto que a partir do capítulo 15 a ação melhora significativamente e vão ficar agradavelmente surpreendidos com a qualidade deste omnibus.

Hugo Cardoso

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