O balanço desportivo da temporada tornou-se uma tradição neste espaço, mas com a pandemia e a consequente expansão de outros hobbies, confesso que perdi o interesse em partilhar este tipo de conteúdo. No entanto, parece-me ser a altura ideal para recuperar o tópico.
No que diz respeito à NBA, os meus Lakers superaram as expectativas, após um início aterrorizador (2V-10D), caindo na Final de Conferência, frente aos Denver Nuggets. Na NHL, os Avalanche, campeões em título, foram eliminados na primeira ronda dos playoffs, restando apenas o SLB, que tinha em Roger Schmidt o novo timoneiro.
Sou um apologista do gegenpress, que considero ser um modelo quase perfeito para o nosso futebol. A racionalidade e o rigor táctico germânico foram fundamentais para criar um ligação forte entre equipa e adeptos, que aumentou a confiança numa temporada repleta de sucesso. A campanha na Champions foi brilhante, com apenas uma derrota em 14 jogos, ficando a sensação que era possível ter chegado às meias finais.
A temporada foi atípica, com uma paragem para o Campeonato do Mundo, em que (finalmente) encerrámos a era Fernando Santos. A saída de Enzo Fernandez debilitou o meio campo, que é, na minha opinião, o sector mais importante do 4x2x3x1 de Schmidt, retirando qualidade e criatividade à equipa. Em consequência, existiu uma quebra assinalável no futebol do SLB, que foi sendo lentamente colmatado pela entrega de Chiquinho e a irreverência de João Neves.
Os dez pontos de avanço davam algum conforto, mas o esforço físico resultante da Champions teve o seu impacto negativo, permitindo a reaproximação do FCP e dando uma emotividade inesperada ao campeonato. Felizmente, a equipa recuperou os seus índices físicos e, apesar das lesões de Bah e Guedes, acabámos por chegar à derradeira jornada a depender exclusivamente de nós.
À semelhança de 2019, o Santa Clara era o adversário, que foi incapaz de travar a conquista do trigésimo oitavo campeonato, dando início a mais uma festa do Povo, que pintou o País de vermelho. O epicentro da celebração foi o inevitável Marquês de Pombal, em que a equipa foi recebida em apoteose, por volta da meia noite.
Parece-me justo destacar a aposta pessoal do Presidente em Schmidt, que trouxe uma abordagem e mentalidade distinta e que faz falta ao futebol português, que continua envolvo em suspeição, ausência de fair-play e jogos de bastidores. Uma palavra de apreço para Rui Pedro Braz, que fez um trabalho fabuloso nos bastidores, criando um plantel competitivo e que nos permite ter esperança em conquistas futuras. E que dizer desta simbiose quase perfeita entre jogadores formados no Seixal e verdadeiros desconhecidos, que acrescentaram qualidade e elevaram o futebol apresentado nesta época.
É altura de festejar e apreciar mais um campeonato, sabendo que a exigência para a próxima temporada será ainda maior. Gostaria que o futebol português se concentrasse em soluções para o futuro, sobretudo numa era em que continuamos a descer no ranking europeu, resultado da ausência de competividade da nossa Liga.

Hugo Cardoso

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